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O Animal e o Simbolismo

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Mensagem  Admin Qui Abr 08, 2010 2:57 pm

O Animal e o Simbolismo

Algumas palavras de ternura: minha gata, meu gato, filhote, pombinha, pombinho, pantera... Língua de víbora, olho de lince, raposa velha, ser uma águia, lobo em pele de cordeiro... teimoso como uma mula, vaidoso como um galo, esperto como um macaco...
Exteriorizações correntes que abarrotam a importância da presença animal na vida de todos nós continuamente. Compõem um bestial enigmático, que povoa nossa fraseologia quotidiana e redizem, embora indirectamente, a natureza animal do ser humano.
Sem dúvida, desde a alvorada dos tempos o ser humano amou e odiou o animal e, para tal, basta olhar-mos para a história e para a mitologia. Ele o devaneou, invejou, rejeitou, humilhou e exaltou. Depois de procurar parecer-se com ele, encontrando genealogia fabulosa comum, o homem tentou colocá-lo sob seu domínio. Assim, a domesticação dos animais passou a assemelhar-se mais e mais à escravidão. Inicialmente amigo ou inimigo do homem, o animal acabou tornando-se sua coisa, seu brinquedo, onde os humanos não o respeitam e não têm em conta a sua natureza. Esquecem-se frequentemente que são nossos irmãos. Há quem tenha cães em apartamentos esquecendo-se de onde eles vêm. Há quem tem gatos esquecendo-se o seu instinto predador de felino; Há quem tenha pássaros engaiolados esquecendo-se que existem para rasgar os céus!
Considerando o animal como propriedade ou mercadoria, o homem privou-o da sua liberdade primeiro: a de existir como ser independente. A relação ser humano/animal sempre dependeu principalmente da psicologia profunda do homem. O cão, por exemplo, pode ser o melhor amigo do homem e também seu bode expiatório. Porque, se o animal pode tornar-se monstruoso no imaginário humano, o único monstro é o próprio homem. E é engraçado como os cães são parecidos com os donos. Se o cão é feroz já sabemos como é o dono. Embrenhado em raiva e ódio!
A inteligência é, com efeito, faca de dois gumes: eleva o homem e também o rebaixa inferiormente para a Terra. Até onde vai a baixeza humana… Enquanto os animais comunicam o homem apenas fala. A sua inteligência levou-o a considerar-se senhor do planeta. De senhor passou a despótico, pilhando as riquezas naturais, violando a Terra e a Natureza e saqueando o património do qual se julga depositário único ao ponto de vender o que não lhe pertence. Como pode o Homem vender um pedaço de terra? De quem é essa terra? Quando nasceu essa terra já lá estava. Como pode o Homem vender água? É ele que a cria ou já existia? A bestialidade humana chegou a um ponto que ultrapassou tudo o que seria permitido; até vende lotes de terrenos na Lua… Tudo por egoísmo e ganância. Como descemos tão baixo!
O homem considera-se superior aos animais. Trago a profunda convicção que os animais não nos são inferiores em nada. Saímos do mesmo reino que eles e deveríamos andar em harmonia. Fomos criados da mesma partícula, temos o mesmo Criador e, a bem da verdade, eles existiram primeiro do que nós. Quando começamos a povoar este planeta eles já cá estavam; nós somos os forasteiros, os invasores. Harmonia no Planeta Terra; assim seria, se nos preocupássemos menos com o desejo de lucro, com o vil metal e com a obscura necessidade de destruir.
Saqueamos a terra que herdámos e destruímos a vida maravilhosa que a escolheu para domicílio. O homem é com certeza o mais impiedoso predador do planeta, e os animais ditos "selvagens" não podem, claro, rivalizar-se com ele nesse terreno devido àquilo que chamam de inteligência. Como somos inteligentes destruindo a nossa própria casa…
O animal age por instinto. E que é o instinto senão inteligência natural e inata, que o homem também deve ter possuído em idades remotas? É certo que as relações entre o homem e o animal – outrora mais harmoniosas, sem dúvida – degradaram-se com o tempo. O drama do ser humano é que só age a partir da sua notoriedade orgulhosa, e se esquece da inteligência, a do coração, a qual, não obstante, é o que há de melhor nele.
Nessas condições, como esperar que encontre seu lugar na Natureza e no Universo? Esse lugar, que lhe cabe por direito, ele o perdeu pela sua acção antinatural, ele, que só pensa em juntar riquezas materiais e rejeita as da alma, a verdadeira riqueza, aquela que é infinita e a única que levará quando deixar a Terra.
E a paixão – amor ou ódio – inspirada ao homem pelo animal não tem algo da parcela de divindade que o ser humano não cessa de perder e procurar? Porque essa Natureza Cósmica do homem não é senão a Natureza mesma, a Natureza do animal, que o ser humano inveja e rejeita porque os animais não são hipócritas. O homem inveja os animais pelo simples facto dos animais serem naturais enquanto que o homem, diariamente, reinventa-se a si próprio. Os animais não têm necessidade de mentir; o homem mente. Os animais não usam máscaras; o homem tem tantas mascaras que se esqueceu como é o seu próprio rosto.
O animal tem, pois, lugar todo particular no imaginário humano. O espaço do pensamento que ele ocupa é importante. O simbolismo animal reflecte não os animais, mas a ideia que o homem tem deles e, talvez definitivamente, a ideia que tem de si próprio.
O único perigo existente é o Homem e não os animais!

Muita Paz
Mário Cardeal
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